Edição 7 – Slow Content

Depois de alguns dias de descanso (mais que merecidos) estou de volta e nesta sétima edição da CamiNews, a primeira do ano, quero trazer um tópico que tem mexido com as pessoas ao redor do mundo. 

Se você acompanhou a última edição, sabe que falamos sobre o Metaverso e como o futuro tende a ser cada vez mais uma mistura imersiva entre o digital e o físico, mas hoje vou falar sobre a contratendência dessa realidade: o mundo desconectado.

01. Desintoxicação digital 

Na era da “ansiedade digital” em que estamos inseridos, cada vez mais as pessoas optam por uma medida extrema para lidar com a dependência da internet e das redes sociais: “desconectar-se” de tudo. Esse conceito é semelhante ao do tratamento de pessoas com dependência a substâncias químicas, ou seja, vem da ideia de “limpar” o corpo.

“Desconecte para reconectar” é o mote da Digital Detox, uma das empresas que iniciaram o movimento em San Francisco (EUA), em 2012, um ano antes do dicionário Oxford incluir pela primeira vez o termo “desintoxicação digital” em suas páginas. 

A empresa oferece vários “níveis” de desintoxicação, desde 3 dias a 6 meses completamente desconectado de aparelhos eletrônicos. A “intoxicação digital” é tratada como qualquer outro vício, embora, neste caso, sem substâncias relacionadas a ele, mas comportamentos.  

O objetivo aqui é restabelecer um equilíbrio na vida desses pacientes, uma vez que é crescente a quantidade de pessoas que estão cada vez mais estressadas e sobrecarregadas pelo excesso de informação e sofrem pela suposta exigência de estarem constantemente conectadas.

02. JOMO – joy of missing out

O termo não é novo, mas se você nunca ouviu falar, eu explico: JOMO é a sigla criada para traduzir esse comportamento de desconexão das redes, em tradução livre “prazer em ficar por fora”.

As redes sociais são ótimas, mas em excesso podem causar reações como excesso de comparação e competição social, aumento de níveis de ansiedade e até o surgimento da depressão. 

Analisando as mudanças comportamentais ligadas à internet, a canadense Christina Crook abordou em seu livro The Joy Of Missing Out: Finding Balance in a Wired World os aspectos que a vida tecnologicamente focada traz. A autora sugere que há diversas oportunidades para aqueles que desejam preservar uma existência mais rica off-line. 

É cada vez mais forte a busca pela consciência sobre os próprios desejos, a vontade de viver o momento presente e usufruir dele (olha o mindfulness aí!), e por senso de sentido e propósito, por isso as pessoas estão questionando mais o uso das redes sociais e suas funções.

Desta forma, os adeptos ao JOMO querem desfrutar daquilo que estão vivendo no presente e não se preocupar se as outras pessoas estão se divertindo mais ou menos.

03. Saúde mental e as armadilhas do excesso de conexão

É impossível abordar os dilemas do excesso que a internet nos traz e não abordar as questões de saúde mental que muitas pessoas têm enfrentado, principalmente a partir do início da pandemia.

Sabemos que as plataformas são desenhadas de forma que o comportamento do usuário seja impactado para não sair dela, assim há uma vontade incessante de ficar rolando para baixo o feed das mídias sociais. Esse comportamento está sendo tratado na língua inglesa como doomscrolling. Inclusive já há pesquisas sendo feitas em universidades de prestígio sobre os efeitos nocivos desse hábito.  

O público que mais sofre com essas questões é a Geração Z, pessoas que já nasceram na era dos likes e estão em peso nas redes sociais, mas, apesar disso, os questionamentos sobre o excesso de conexão está presente entre os jovens em geral. 

Uma pesquisa realizada pela Digital Society Index 2020 revela como pessoas de 18 a 24 anos estão tentando reduzir a atividade online. Realizado no auge da pandemia, o estudo mundial foi feito com 32.000 pessoas e analisou mais de 5.000 pessoas dessas idades. 

A saúde mental é uma das principais preocupações que está motivando esse movimento. Quase metade dessa geração acredita que o uso da tecnologia tem um impacto negativo no bem-estar e na saúde mental. 

Meu pitaco:

Eu quis escrever sobre isso porque tenho notado que alguns criadores de conteúdo digital estão falando mais frequentemente sobre esse assunto. Além disso, percebi que alguns deles, agora no recesso de fim de ano, optaram por não postar nada para tirar umas férias. 

Com isso, podem ter certeza que esse é um dos temas mais quentes no universo das mídias sociais, do marketing de conteúdo e de influência no ano de 2022.

Dicas imperdíveis que você pode perder!

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