Edição 9 – Marcas Verticais Nativas Digitais e a transformação do varejo

Março chegou, Carnaval acabou e você aí achando que eu tinha esquecido da edição desse mês, né !? J-A-M-A-I-S! 

Como ninguém é de ferro, atrasei um pouquinho por motivos de “precisava descansar”.

Você sabe o que marcas como Amaro, GE, Sallve, Pantys têm comum? Todas elas são Marcas Verticais Nativas Digitais e esse é o tema da nossa CamiNews de março. 

Vou começar pelo início, apresentando conceitos e explicações, assim ficamos todos na mesma página.

Conhecidas pela sigla DNVB (Digitally Native Vertical Brand), as Marcas Verticais Nativas Digitais são empresas que nasceram com operações totalmente digitais e vendem para clientes do mesmo ambiente (D2C). Elas não dependem de uma loja física e dessa forma atuam com negócios de estrutura vertical, ou seja, mantém o controle de todos os processos: da cadeia de produção à comercialização do produto.

Essas são as características mais importantes de uma DNVB: ter nascido em um ambiente digital, o foco na experiência do cliente, realizar vendas diretamente ao consumidor final, efetuar negócios no online (via e-commerce), a verticalidade (as marcas controlam o processo produtivo do início ao fim) e a capacidade de criar uma relação profunda com o público e, assim, mostrar seu propósito e criar uma comunidade.

Mas de onde surgiu esse termo? 

O termo foi criado por Andy Dunn, fundador e CEO da Bonobos, marca online de roupas masculinas criada em 2007. Empresas que seguiam esse modelo de negócios já existiam bem antes, mas o termo só apareceu quando Dunn publicou um artigo no Medium, em 2016. 

O artigo traz informações essenciais para entendermos a diferença entre uma DNVB e um e-commerce, por exemplo, que trarei logo em seguida. 

Como funcionam as DNVBs? 

Apesar das nativas digitais terem sido fomentadas pelos e-commerces, existem diferenças entre os dois conceitos, embora seja muito fácil confundi-los, já que o principal meio de vendas das marcas nativas digitais é o comércio eletrônico.

Mas diferentemente do e-commerce, que é apenas um canal de vendas, as DNVBs são marcas completas. Enquanto o comércio eletrônico tem margens de lucro pequenas e crescimento mais rápido na maioria das vezes, as marcas nativas digitais crescem devagar, só que de forma mais sólida e com mais lucro devido ao maior valor agregado, exatamente por priorizarem o relacionamento com o cliente. Por esse motivo, as DNVBs se destacam mais porque o foco não está no preço, mas na experiência do cliente.

Omnichannel

Ainda que o princípio das marcas nativas digitais seja digital-first, nada as impede de partir para as lojas físicas caso a relação com os clientes ultrapasse o cenário digital. Ter essa possibilidade também é um diferencial das DNVBs em relação aos e-commerces de varejo, já que o mercado offline pode materializar a marca, propiciando uma experiência ao cliente ainda mais especial, uma vez que as pessoas, por mais conectadas que estejam, ainda gostam do contato presencial, que dê continuidade ao que começou no digital.

Pontos fortes de estratégias das DNVBs

Além do valor agregado do foco na experiência do cliente e inovação no relacionamento, outros pontos fortes que as DNVBs possuem são: redução de custos, agilidade, interação com o cliente e canais diferentes.No Brasil as DNVBs têm ganhado espaço no mercado, principalmente na área de moda e beleza, mas fugindo do meio comum, trouxe outros exemplos para apresentar aqui:

01. Gocase

Criada em 2015, a Gocase nasceu como nativa digital para proporcionar soluções de cases para celulares. Segundo Guilherme Nóbrega, fundador e CEO da marca, havia produtos muito caros ou que não tinham grande qualidade. Nenhuma marca, entretanto, oferecia personalização. “Criamos um negócio que oferece expressão pessoal, pensamento, moda e também protegeria o smartphone”, explicou.

A partir disso, a marca criou seu modelo de quiosque e entrou no e-commerce internacional, ao abrir sede em Amsterdam, em 2016. Hoje vende para 130 países do mundo produtos como cases, mochilas, acessórios tech e acessórios de moda. A empresa usa dados para pesquisar o que vem sendo tendência no mercado e busca personalizar.

O principal desafio para a Gocase é oferecer a mesma experiência do online em ponto de venda. A marca abandonou o formato de quiosque e desenvolveu, em parceria com a Vimer, um novo conceito. A loja mostra os produtos para exibir nichos de estampas, espaços, viagens. Além disso, por meio da tecnologia, consegue apreender o que está tendo sucesso no off-line e traz para a produção.

“O que a gente quer é permitir aos jovens de espírito a se expressarem através da Gocase. Personalização não é nome, número. É o cliente entender que o produto está sendo feito para ele. A gente quer elevar esse nível. Hoje, personalizar é um diferencial, mas daqui a pouco tempo vai ser o básico: quem não tiver, estará fora do jogo”, ressaltou.

02. Liv Up

A Liv Up foi criada pelos empreendedores Henrique Castellani e Victor Santos em 2016. Nasceu como uma foodtech nativa digital, que desenha seus produtos com base em inteligência de dados e mantém este processo com uma comunicação horizontal.

Os criadores enxergaram a oportunidade de usar a tecnologia para conscientizar brasileiros sobre alimentação saudável. “Sabíamos que as pessoas estavam cada vez mais se alimentando melhor e que a digitalização transformaria diversos setores, incluindo a alimentação”.

“Antes da pandemia, eu conversava com a indústria tradicional e ouvia que a digitalização da compra de alimentos nunca iria acontecer. Mas nossa vida já é multicanal: estamos com o celular na mão o tempo todo. Queremos levar uma experiência integrada ao consumidor.”

O aplicativo da Liv Up permite que consumidores peçam refeições com baixo carboidrato, sem glúten, vegetarianos ou veganos. As refeições podem ser congeladas ou de consumo imediato. A entrega de refeições congeladas é feita por 14 dark stores, ou mercados com portas fechadas.

03.Zissou

Nascida on-line, a Zissou é definida pelos sócios, Ilan Vasserman, Andreas Burmeister e Amit Eisler, como uma marca especializada em sono e veio para provocar uma verdadeira revolução no setor. Por meio do conceito bed in box (cama na caixa), o colchão é armazenado numa embalagem de 1m15 de altura por 40 cm de largura, o que permite seu transporte com facilidade, diminuindo os custos de frete e simplificando a logística.

A startup também oferece uma única composição de colchão nos tamanhos solteiro, casal, queen e king, o que facilita a escolha por parte do consumidor e exclui a necessidade de armazenagem e exposição em grandes showrooms. Por fim, permite que o produto seja testado na casa do cliente por cem dias. Quem não se adaptar pode ligar para a empresa, que retirará o colchão sem custo e ainda devolverá 100% do pagamento.

“Hoje se fala muito em omnichanel, mas eu prefiro falar de ommiexperiência”, diz Eisler, observando que a loja conceito, localizada no bairro Jardins, foi criada em alinhamento com o digital. O espaço abriga um quarto exclusivo para o cliente testar o colchão com privacidade, com direito a controle do som e da cor da luz. 

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