Apesar de estarmos entrando em agosto, esse mês quero trazer um tema que não deveria ser tratado apenas em uma data comemorativa: o orgulho LGBTQIA+. Atualmente, esse tema vem sendo discutido amplamente nos veículos de comunicação em massa e, por isso, é quase humanamente impossível não ouvir mais sobre esse assunto.
Não sei se você sabe, mas dia 28 de junho foi escolhido para ser o Dia do Orgulho LGBTQIA+ e em consequência disso, o mês de junho é considerado o mês do orgulho. Essa data refere-se a um incidente ocorrido na noite de 28 de junho de 1969, em que a comunidade LGBTQIA+ sofreu uma violenta abordagem policial no bar Stonewall Inn, em Greenwich Village/Nova Iorque e gerou a reação dos presentes, que enfrentaram as autoridades. A rebelião de Stonewall culminou na primeira marcha de Orgulho Gay, em 1970, e foi um marco para as discussões dos direitos LGBTQIA+ no mundo.
Tá…, mas por que falar disso?
Bom, como já comentei no início do texto, essa é uma causa que não deve ser abordada apenas em “seu mês”, e sim, todos os dias. Seja você parte da comunidade ou não. E também, porque quero compartilhar alguns cases e iniciativas interessantes relacionados ao Orgulho LGBTQIA+ que aconteceram neste ano.
01. Primeira Edição da Feira Trans de Empreendedorismo, Inovação e Empregabilidade
A Feira Trans foi promovida pelo instituto [SSEX BBOX], projeto de justiça social que busca oferecer perspectivas plurais sobre sexualidade e gênero por meio de consultorias, eventos e outros. A feira teve como foco central o tema #TransTec, para conscientizar empresas sobre a inclusão da população Trans não só no mercado de trabalho, mas no universo da tecnologia. O objetivo foi capacitar, educar e empregar para que as barreiras e o preconceito diminuam.
A programação contou com um espaço para que empreendedores Trans divulgassem seu trabalho e também com diversos conteúdos com palestras e debates.
02. Ação Spotify – Aumente o Volume do Seu Orgulho
O Spotify promoveu uma iniciativa em homenagem aos artistas e criadores da comunidade LGBTQIAP+, chamada Aumente o Volume do Seu Orgulho.
O projeto promove a oportunidade de os usuários descobrirem artistas LGBTQIAP+ e, assim, aumentarem a representatividade do que ouvem no streaming por meio da recomendação de uma playlist personalizada.
Os usuários da plataforma podem realizar um teste e verificar o nível de representatividade dentro das suas playlists. Além da porcentagem de artistas LGBTQIAP+ que o usuário tem escutado, é possível descobrir o cantor ou a cantora mais ouvido(a), a faixa chiclete, o featuring que esteve no repeat e os artistas que formariam a banda dos sonhos.
O projeto faz parte da campanha do YouTube #BaileDoShorts, que assim como as iniciativas do Spotify, também promove artistas e criadores de conteúdo LGBTQIAP+ no universo do áudio.
No mês de junho, a plataforma também realizou a campanha “Da Parada Pras Paradas”, que conta com uma série de mídia out of home (OOH) posicionadas no circuito da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, com o objetivo de promover a descoberta e a escuta de mais criadores da comunidade.
03.Ação Doritos – Respeita Minha Identidade
Há 6 anos a marca Doritos possui o Doritos Rainbow, linha que foi criada especialmente para celebrar e apoiar a comunidade LGBTQIA+, cujo valor das vendas é convertido em doações para instituições que também apoiam a causa.
Nesta jornada, Doritos impactou e assistiu, direta e indiretamente, mais de 111 mil pessoas com as doações, além de trabalhar na capacitação da comunidade por meio de cursos online 100% gratuitos. Este ano, a campanha teve como objetivo dar protagonismo às pessoas trans, grupo que enfrenta inúmeras dificuldades no que diz respeito à identidade.
A campanha Respeita Minha Identidade está diretamente ligada à nova carteira de identidade nacional, que entrará em vigor em 2023, e contém um novo campo de preenchimento: “sexo”, além de priorizar o nome de registro ao nome social. O que prejudica ainda mais pessoas trans que já enfrentam dificuldades na retificação do nome.
Com isso, a marca junto à Associação Nacional de Travestis e Transsexuais, criaram um abaixo assinado que questiona a inclusão desses campos no documento.
04. Case Havaianas – Pesquisa do Orgulho
Para introduzir esse case, é importante relembrar os dados divulgados pelo IBGE, na Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019, onde houve uma subnotificação registrada em relação à orientação sexual da população brasileira.
Essa foi a primeira vez que o instituto coletou essa informação e aponta grandes estigmas ainda na sociedade, como: o preconceito, o medo de declarar a própria orientação sexual e também o desconhecimento dos termos usados (homossexual, héterossexual, bissexual, panssexual, assexual).
Em contraponto a essa subnotificação, a Havaianas iniciou o projeto “Pesquisa do Orgulho”, que tem justamente o propósito de coletar mais informações sobre a comunidade LGBTQIA+, fazendo um levantamento sobre identidade de gênero e outras questões pertinentes ao cotidiano da comunidade. Esse material será disponibilizado publicamente em setembro, para que todos possam consultar, benificiando todo o mercado.
A coleta de dados é importante para desmistificar a comunidade, combater o preconceito e realizar mudanças verdadeiras. A partir dos dados é possível mapear as necessidades para trabalhar em políticas públicas e projetos que ajudem a população.
Apesar das adversidades, o estudo realizado pelo IBGE é uma ação inicial, que precisa ser melhorada para que os dados sobre a comunidade LGBTQIA+ sejam mais profundos. Em contrapartida, o projeto realizado pela Havaianas, trará uma imagem melhor definida sobre a identidade de gênero e sexo no Brasil.
Meu pitaco:
Como uma pesquisadora de mercado e cientista social, a questão abordada neste último tópico que é a geração de dados estatísticos sobre a comunidade LGBTQIA+ muito me interessa.
Primeiramente, porque sem dados reais é muito complexo para uma empresa privada apoiar essa causa de forma eficaz. Já no universo das políticas públicas, sem dados estatísticos sobre um determinado grupo torna-se inviável a criação de diretrizes que resolvam as questões dessa comunidade também de forma eficaz.
Ao meu ver, neste ano de 2022, muitas marcas que já apoiavam a causa dentro de ações de Marketing & Branding foram cobradas a tomarem partido e criarem ações que façam a diferença concreta. Isso significou na prática que apenas colocar a logo com a bandeira colorida não faz de você um real apoiador da causa.
O mercado está convergindo para selecionar o joio do trigo. Quem são as entidades (públicas e/ou privadas) que vão propor ações que aumentem o grau de empregabilidade, a segurança, o respeito, o acesso à educação dessa população? São essas entidades que ficarão como apoiadoras de fato da causa. As demais que não se aprofundarem serão naturalmente excluídas e lidas na chave do oportunismo.
Dicas imperdíveis que você pode perder!
Movimento Respeita Minha Identidade