Edição 11- O momento atual do mercado erótico: naturalização e empoderamento feminino

Nos últimos anos, dois movimentos têm crescido e ganhado cada vez mais força em diversas áreas: empoderamento feminino e produtos naturais. Isso tem gerado impacto em muitos segmentos e dentre eles o erótico. E esse é o tema da CamiNews 11, feminilização do mercado erótico!

Quando falamos em mercado erótico e sexshops a primeira coisa que normalmente vem a mente são aquelas lojas com produtos em sua maioria focados ao prazer do homem… mas isso tem mudado nos últimos anos (e nós mulheres agradecemos). 

Trazendo apenas uma contextualização histórica sobre este mercado, o surgimento do primeiro sexshop do mundo ocorreu em 1962 na Alemanha e sua idealizadora foi uma mulher (pois é!!). Beate Uhse idealizou o primeiro sex shop do mundo e ele surgiu apenas como um espaço para troca de ideias sobre métodos contraceptivos e sexualidade, porém totalmente voltado para agradar os maridos, o que, considerando a época, era ok.

Apenas em 1974, nos EUA, foi finalmente criado o primeiro sexshop voltado para o público feminino, após sua idealizadora, Dell Williams, ser hostilizada em um sexshop convencional por tentar comprar um vibrador. Ela que fazia parte de movimentos feministas construiu a sua empresa, a Eve’s Garden, para diminuir o desconforto por possíveis consumidoras ao comprar produtos eróticos, dando a elas maior liberdade. 

Direta e indiretamente o feminismo gera consequências até para os que não são ligados a pauta e toda a força que ganhou ao longo da história faz com que se esbarre na liberdade sexual das mulheres, levando-as a crer que não só podem como devem compreender, fortalecer e exercer a sua sexualidade da forma como queiram. E isso também é bastante pautado pelo fortalecimento do empoderamento feminino, visto que está ligado a capacidade da mulher de se apoderar do seu lugar (seja este na sociedade, no trabalho, na sexualidade ou no âmbito que desejar) para exercer sua função de forma livre. Com isso se mostra que não só é possível, como indispensável que existam produtos para atender este público se baseando no fortalecimento da visão social e do papel exercido pela mulher.

Dito isso, a naturalização no mercado erótico anda de mãos dadas com a exaltação das necessidades femininas no que diz respeito ao sexo. Ao mesmo tempo em que os serviços e produtos buscam ser mais naturais no que diz respeito a insumos e ingredientes cada vez menos sintéticos, têm o objetivo também de trazer uma identidade visual mais clean, que traga a sexualidade de forma leve.

“É um caminho inspirado na indústria da beleza, que segue o empoderamento feminino, a sustentabilidade e o eco-friendly”, explica Julianna Santos, especialista em educação sexual e gestora de conteúdo do MercadoErotico.org.

E para exemplificar essa mudança no mercado, selecionei 3 marcas para conhecerem:

01. Feel Lube

Liderada pela CEO Marina Ratton, a Feel traz produtos com ingredientes naturais e voltados para o bem-estar íntimo feminino. Além disso, as embalagens minimalistas os deixariam bem em qualquer produção de Pinterest.

Segundo Marina, a ideia da marca veio após um período fora do Brasil participando de discussões sobre femtechs e sextechs – empresas lideradas por mulheres que desenvolvem produtos específicos para esse público com base tecnológica.

Partindo do princípio de que uma vida sexual plena e saudável é fonte de mais confiança, autoestima e liberdade, a empresária afirma que, na medida em que se avança em áreas como lideranças, mercado profissional e produção acadêmica, é necessário trazer também a perspectiva da sexualidade feminina para garantir autonomia às mulheres.

Além disso, o movimento também contribui para o sex-positive, fazendo com que as pessoas lidem com sexualidade e produtos eróticos de forma aberta e natural, sem constrangimentos.

02. Lubs

É uma marca que dedica seus produtos ao sexual-care, nascida da vontade de explorar o prazer em todos os sentidos de maneira natural, com amplos diálogos e fórmulas com ingredientes naturais e de alta qualidade.

A marca nasceu da vontade de naturalizar o prazer em todos os sentidos: dos diálogos abertos sobre todos os assuntos às fórmulas feitas com ingredientes naturais. Acreditam que a conexão com o eu-sexual é capaz de transformar, deixando a vida mais completa e prazerosa. 

A partir de muitas pesquisas e tecnologia foi possível criar fórmulas sustentáveis e veganas, a partir de produtos naturais e conscientes.

03. Climaxxx

A Climaxxx é uma marca fundada e tocada por mulheres, e nasceu em março de 2016, em Porto Alegre, com a proposta de ser a primeira sexshop com uma curadoria e comunicação focada no prazer feminino.

Com a expansão das pautas feministas, a loja online foi aberta para vender os produtos para todo o Brasil. Na troca diária com mulheres, ouvindo cada história, a marca se tornou um canal de conforto, afeto e autossuficiência. 

Após 5 anos do surgimento da Climaxxx, com a expansão do mercado erótico e o foco no prazer feminino, a marca seguiu seu trabalho pela tangente, sempre colocando o conteúdo e o propósito do empoderamento feminino como a principal norte e prioridade.

Meu Pitaco:

Esse mercado ainda está engatinhando no Brasil. Hoje, poderíamos dizer que ele é um nicho porque une o tema do erótico feminino com o conceito de beleza limpa (clean beauty). Mas, a partir do momento em que a beleza limpa vem cada vez mais se tornando o padrão da indústria, isso vai deixar de ser um nicho para ser o modelo padrão. 

Além disso, cada vez mais empresas focadas no público feminino estão deixando claro seu apoio às pautas feministas trazendo desde o nascimento um posicionamento político que norteia a comunicação e o marketing. Não sei o quanto você está acompanhando esse mercado, mas parece promissor, correto? 

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