Edição 13 – Um Jeito Slow de Viver!

Você provavelmente já ouviu falar, pelo menos uma vez, do movimento Slow, não é mesmo? Ele aparece em diferentes segmentos que veremos nesta edição da CamiNews.

Mas vamos começar introduzindo o que é O Slow Movement:

Este é um movimento que tem como proposta uma mudança do ponto de vista cultural para a adoção de um estilo de vida mais simples com o objetivo de desacelerar o cotidiano.

Estamos constantemente imersos em informações e com diversas possibilidades de consumo, o que tem nos levado a viver muitas vezes, de forma automática e o Slow é uma proposta para questionar esse consumo, a partir do ponto de vista de que, aquilo que é mais rápido, nem sempre é a melhor alternativa. Isso não quer dizer que a vida precisa ser vivida em ritmo lento, mas de forma mais consciente, para encontrar a velocidade certa.

O Slow abrange desde o trabalho, o estilo de vida, o que comemos, e por aí vai.

Sabe como isso começou? Vem aqui que vou te contar!

1. Slow Food

O Slow Movement nasceu a partir do movimento Slow Food, na Itália, em 1986.

Tudo começou quando o Mc Donald’s decidiu abrir uma franquia em Roma e um grupo de pessoas protestaram contra. Os ativistas defendiam a gastronomia tradicional, a cultura regional, a boa comida e o prazer de desfrutar a vida num ritmo mais lento e saudável (É “dolce far niente”, que fala?) 

Ao longo da sua história, o movimento trouxe importantes abordagens sobre o alimento, reconhecendo o seu vínculo com as pessoas, o território, a cultura, o planeta e a política. Atualmente, o Slow Food é um movimento de nível global que envolve milhões de pessoas e milhares de projetos, em pelo menos 160 países, incluindo o Brasil.

Um dos nomes responsáveis pela popularização do movimento foi o jornalista escocês Jean Carl Honoré, escritor da obra “Devagar – como um movimento mundial está desafiando a cultura da velocidade”.

Os adeptos e defensores do slow food acreditam que os alimentos devem ser cultivados e comprados localmente, preparados com cuidado e consumidos com apreço. O slow food pode soar quase ultrapassado no atual contexto, em que é cada vez mais fácil e barato obter alimentos processados e ultraprocessados, mas a ideia do movimento é repensar nossos hábitos alimentares e fugir da automação.

“A pandemia já fortaleceu um pouco isso, porque as pessoas passaram a se preocupar mais com pequenos produtores, padarias locais e onde comprar o seu alimento. O movimento Slow Food é muito mais do que ter tempo para comer. É sobre a preocupação com uma cadeia de processos. Um pequeno produtor de pão artesanal não vai te vender o pão na hora que você quer. A fermentação é natural e tem o seu próprio tempo, é isso que está em jogo no Slow Food. Você vai ter o melhor ingrediente e, consequentemente, o melhor pão porque soube esperar por ele. Restaurantes que tem cardápio fixo, por exemplo, não estão em sintonia com o Slow Food porque você não consegue garantir que todos os ingredientes estarão disponíveis o ano inteiro. Morango no verão não existe. A fruta é sazonal e se você está ingerindo, muito provavelmente ela está com agrotóxico”.

Dono do Partager Gastronomia (adepto ao slow food)

(Abaixo, segue foto da vitrine da loja, e minha com Gustavo, já que somos amigos :D)

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2. Slow Fashion

Já o slow fashion surgiu por volta do ano de 2004, em Londres, por Angela Murrills, uma escritora de moda da revista de notícias on-line Georgia Straight. Também inspirado no conceito do slow food, o termo ficou conhecido por ser muito utilizado em blogs de moda e artigos de internet. O movimento surge em contraposição ao fast fashion, trazendo uma alternativa socioambiental mais sustentável na indústria da moda, a segunda mais poluente do mundo. 

A prática do slow fashion preza pela diversidade; prioriza o local em relação ao global; promove consciência socioambiental; contribui para a confiança entre produtores e consumidores; pratica preços reais que incorporam custos sociais e ecológicos; e mantém sua produção entre pequena e média escalas. O movimento desafia a moda a reorientar a qualidade de seus produtos de maneira que a confecção do vestuário leve em conta aspectos integrais e não apenas a aparência.

Além disso, depois de pelo menos, uma década com esse tema já sendo estudado, os especialistas atualmente afirmam que “slow fashion” é sinônimo de roupa reutilizada. Ou você acha que quando você doa uma roupa ela some? Não à toa o mercado de brechós que já crescia a passos largos, teve seus números acelerados na pandemia. Outro conceito que tem crescido nessa área é o aluguel de roupas e o do guarda roupa compartilhado. 

O Brasil tem uma representante mundialmente conhecida nessa área, a Fernanda Simon (@feh_simon) que além de ser diretora do Fashion Revolution Brasil (entidade global que trabalha o slow fashion), representa nosso país em fóruns globais sobre o tema.

“Contudo, a moda precisa ser entendida como uma ferramenta de mudança, inclusive social, que pode atuar de forma propositiva e trazer impactos positivos. A mesma indústria que explora mulheres de um lado, tem também, historicamente, a capacidade de trazer autonomia e sustento para trabalhadoras, é capaz de gerar renda e trabalho decente, porém para que o trabalho da costura (e outros) seja valorizado, não se pode ignorar as nítidas mudanças estruturais necessárias para que as mulheres da moda estejam de fato em ambientes seguros e promissores.”

Fernanda Simon (diretora do Instituto Fashion Revolution Brasil)

Confere só essas marcas:

1) Utopiar: Loja slow fashion em SP feitas por mulheres que precisam se reerguer após sofrerem violência doméstica

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2) Roupateca: Como um guarda-roupas compartilhado, a roupateca é uma plataforma de assinaturas de peças de roupa. 

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 3) Não tenho roupa: Plataforma de aluguel de roupas e acessórios casuais.

Siga no IG @naotenhoroupa

03. Slow Beauty

O Slow beauty é um movimento mais recente, vindo dos EUA, mas foi baseado nos dois anteriores, cujo desejo é diminuir o consumo de industrializados com compostos nocivos na beleza, focando em produtos naturais, orgânicos e veganos.

Com a  intenção de trazer mais calma para tudo o que fazemos relacionado a nossa rotina diária de autocuidado e bem-estar, a principal filosofia do movimento está em olhar para todos os ângulos com atenção e encontrar um equilíbrio na percepção de beleza, facilitando assim nossos processos de escolhas, consumo, consciência e cuidado com o planeta, projetando resultados para as futuras gerações. 

No Brasil, destaque para duas profissionais que já acompanho há anos que estão trabalhando nessa área. 

  1. Dra. Patricia Silveira  – dermatologista carioca. membro da SBD que atua apenas na área de cosmetologia natural com fitobotânica. @dermagreen 
  2. Nyle Ferrari – jornalista que trabalha com conteúdo sobre beleza natural há 10 anos. @nyleferrari

Podemos dizer que o slow movement como um todo sugere o  autoconhecimento como forma de ter consciência da cadeia produtiva, dos materiais e do preço. Assim, é possível que cada pessoa seja capaz de escolher e priorizar o que faz sentido para si.

Mais do que isso, esse movimento acredita que questões desafiadoras podem ser enfrentadas com calma, sem a ansiedade e a desconexão tão comuns hoje em dia. 

Meu pitaco:

Essa CamiNews eu tive que me segurar já que por mim esse tema daria uma revista inteira, rs. Tentei focar menos em produtos e mais em pessoas que me inspiram a pensar sobre as minhas práticas diárias de vida. 

A Dra Patricia, por exemplo, eu me consultei em 2016, ainda no Rio, por conta de um surto de acne já na fase adulta que eu decidi que não queria tratar com dermatologia convencional. Sim, ela me ajudou muito! Logo depois veio a Nyle para aumentar meu repertório de marcas mesmo e é alguém que toda semana eu dou aquela checada para ver se não perdi nada. 

O Gustavo é um amigo que a São Paula (rs!) me deu porque sou viciada em café e o que ele serve na Partager é d-i-v-i-n-o. E sim, ele conhece todos os fornecedores dele. A Fernanda Simon eu conheci em 2018 quando a ReFuture fez um projeto para o Sebrae RJ sobre Moda Sustentável. Eu que a entrevistei e fiquei pasma de ver a força do Fashion Revolution. As demais marcas são também iniciativas que eu acompanho pelo meu interesse no tema. 

Espero que você curta alguma dica! 😀

Dicas imperdíveis que você pode perder!

TEDx Carl Honoré: Elogio à lentidão

Documentário: Minimalismo Já

O que é Slow Food 

Roupa sustentável é a usada 

Evento ONU Semana do meio Ambiente e do Oceano com participação de Fernanda Simon 

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