Falta um pouco mais de um ano para as próximas Olimpíadas, mas, por aqui, as expectativas para acompanhar as novas modalidades já foram criadas desde a última edição.
A partir de Tóquio, o Comitê Olímpico Internacional renovou o quadro de modalidades com o objetivo de atrair mais atenção para o evento e, por meio das redes sociais, movimentar o engajamento da marca.
São eles: skate, surfe e escalada, formando então, atualmente, 32 esportes olímpicos. Tamanho foi o sucesso que as três categorias tiveram nas últimas Olimpíadas que, tanto o público jovem como os mais velhos, mostraram interesse em entender as práticas, regras e história.
Baseado nessa movimentação, o COI anunciou mais uma novidade para os fãs de esportes: o breaking, estilo de dança ligado ao hiphop que também será uma modalidade olímpica a partir de 2024 nos Jogos de Paris.
De acordo com o Comitê, a inclusão desses novos eventos é “a evolução mais abrangente do programa olímpico da história moderna”.
Uma pesquisa realizada pela Routledge mostra que o processo e a política por trás dessa decisão remontam a mais de 20 anos, como parte do grande objetivo do COI de tornar as Olimpíadas atraente para os espectadores mais jovens. Embora os Jogos Olímpicos sejam considerados o espetáculo esportivo mais assistido do mundo, o número de jovens espectadores vem diminuindo há décadas. Para se ter ideia, a idade média da audiência da TV americana para os Jogos do Rio em 2016 foi de 53 anos.
Ciente disso, o COI tentou diversificar o público atraindo os mais jovens ao incorporar novos esportes de ação nos programas olímpicos além de promover outras iniciativas importantes, como por exemplo o caso dos Jogos Olímpicos da Juventude e o canal das Olimpíadas no YouTube.
Desde 2010, as Olimpíadas da Juventude têm sido um importante campo de testes para novos esportes, inovação em mídia social e conceitos. Como o Laboratório de Esportes em Nanjing, em 2014, e o Parque Urbano em Buenos Aires em 2018.
Depois de toda essa introdução, o que você acha de conhecer um pouco mais dessas novas modalidades?
01. Breakdance
Mais do que uma dança e um dos elementos da cultura hip hop, o breaking é um estilo de vida e para muitos se tornou também esporte de alto rendimento. Os b-boys e b-girls (como são chamados os praticantes do Breakdance) chegam a treinar de oito a dez horas por dia para executar suas performances da modalidade que surgiu na periferia dos Estados Unidos há 50 anos e foi se popularizando com apresentações em ruas, metrôs e praças ao redor do mundo.
O breakdance foi incluído nos Jogos Olímpicos da Juventude Buenos Aires-2018 e fez sucesso, tornando-se mais uma aposta do COI no processo de transformação do tradicionalismo olímpico, dando voz ao grito social de igualdade e de representatividade.
02. Surfe
Acredita-se que o surfe começou com polinésios que viviam no Havaí e no Taiti. Porém, foi popularizado por Duke Kahanamoku, havaiano que conquistou três medalhas de ouro na natação nos Jogos de Estocolmo 1912 e Antuérpia 1920.
Kahanamoku é considerado “o pai do surf moderno” e plantou a semente para a futura inclusão nas Olimpíadas, expressando este sonho ao receber sua medalha no pódio em 1912, na capital sueca.
Para a edição de 2024, a International Surfing Association (ISA) divulgou os novos critérios de classificação com duas mudanças importantes: o aumento do número de atletas, de 40 para 48 em relação aos Jogos de Tóquio (agora serão 24 homens e 24 mulheres) e a possibilidade do mesmo país levar três surfistas em cada gênero.
Além disso, teremos a inédita localização: nunca uma sede Olímpica esteve tão distante da cidade-sede. A competição do surfe nos Jogos Olímpicos Paris 2024 será na praia de Teahupo’o, na ilha do Taiti, parte do arquipélago da Polinésia Francesa, território ultramarino da França no Oceano Pacífico.
03. Skate
Assim como o breakdance, o skate é uma modalidade que já esteve presente em uma das iniciativas do COI para testar novos esportes. Isso ocorreu nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2014, em Nanjing, na China. Olha só quanto tempo se passou até a estreia nas Olimpíadas em Tóquio 2020.
Essa foi uma das maiores conquistas da categoria desde o seu surgimento, na década de 1950, nos EUA. O skate é um esporte que está em constante evolução e isso obriga os atletas a ter uma atitude de pensar o que podem fazer de diferente para obter destaque e conseguir maiores notas.
O Brasil brilhou e trouxe para casa 3 medalhas da modalidade, pratas de Kelvin Hoefler, Rayssa Leal, na modalidade street, e Pedro Barros, na modalidade park.
Meu pitaco:
Estava há tempos querendo escrever sobre isso porque é um tema que vem caminhando comigo desde 2015. Neste ano, eu participei de uma pesquisa de campo no Rio de Janeiro para a TV Globo sobre novos esportes e e-sports. O objetivo da entrega era compreender o quanto as pessoas achavam esportes como surfe, skate, yoga, patins videogame, parkour possíveis modalidades olímpicas. Na época, eu percebi que a maioria das pessoas já estavam abertas para essa mudança e que o único esporte que ainda gerava atrito era o videogame. Mas, mesmo assim, muita gente dizia que tinha que virar esporte olímpico.
Cá estou fui em 2023 e voilà. Tivemos o Tiago Leifert com programa na Globo sobre videogame, eles já estão transmitindo Copa de videogame, estão transmitindo o STU – maior evento de skate do Brasil. Então, isso só confirma que empresas que estão com times robustos de pesquisa em campo conseguem mapear tendências antes dos concorrentes.
Dos esportes acima mencionados, o que eu acabei sem querer me profundando foi o skate. Nos últimos dois anos, eu e a ReFuture estivemos presentes em eventos locais e nacionais de competição de skate entrevistando tanto o público geral quanto os atletas olímpicos e competidores. Confesso que meu amor pelo esporte que surgiu nas Olimpíadas de Tóquio só cresceu. Abaixo, uma fotoquinha desse momento lindo no STU Open 2022 no Rio.
Dicas imperdíveis que você pode perder!
Perfis de alguns atletas brasileiros que têm mostrado que o Brasil não está para brincadeira nas novas modalidades: