Edição 23 – Inteligência Artificial por todos os lados

Começamos o mês de maio com mais uma CamiNews e nesta edição vamos falar dele, que é amado por uns, mas por outros nem tanto… ele mesmo, o ChatGPT.

Amplificado para nós meros mortais neste ano, alguns dizem que veio “““revolucionar””” o dia a dia, porém tem gerado os mais diversos tipos de sentimentos.

O ChatGPT nada mais é que um robô virtual (bot) que é alimentado por grandes quantidades de dados e técnicas de computação para fornecer respostas a perguntas agrupando palavras de maneira significativa. Ele não apenas explora uma grande quantidade de vocabulário e informações, mas também entende as palavras no contexto. Isso o ajuda a imitar padrões de fala enquanto organiza um conhecimento enciclopédico.

Apesar do frisson no Brasil, especialmente no LinkedIn sobre esse assunto, esse tipo de ferramenta não é algo recente. Outras empresas de tecnologia como Google e Meta desenvolveram suas próprias ferramentas de modelo de linguagem que usam programas que aceitam solicitações humanas e elaboram respostas sofisticadas. A OpenAI, empresa que criou o ChatGPT, conseguiu causar esse furdúncio porque criou uma interface de usuário que permite que o público em geral a experimente diretamente.

Resumo:  parece novidade porque chegou nas mãos da base da pirâmide, ou seja, nas mãos do povão, rs!

Cinco dias após seu lançamento, o ChatGPT chegou a mais de 1 milhão de usuários (que, ironicamente, precisam ser humanos; você precisa provar que não é um robô ao logar) e essas interações estão sendo utilizadas para treinar e desenvolver o modelo, que está disponível em quase 100 idiomas (incluindo português do Brasil), mas a performance do modelo varia conforme o idioma (funciona melhor em inglês).

Considerado um grande avanço para a IA, a tecnologia tem ajudado a muitos, mas também trouxe certa insegurança para outros. Isso porque o seu histórico de dados está limitado a 2021, o software pode gerar informações incorretas e enganosas, mas ainda assim, o rumor de “muitos empregos vão perder o emprego para a inteligência artificial” andou pairando por alguns lugares.

Considerando todos esses acontecimentos, trouxe alguns exemplos para visualizarmos melhor as duas faces do ChatGPT:

01. Facilitar a explicação de conceitos complexos

Essa é uma das funções para qual muitos têm usado o software durante o momento de estudo e passando pelo LinkedIn alguns dias atrás me deparei com esse post, onde uma designer pediu ao software basicamente para traduzir ao “mineirês” os princípios de avaliação de usabilidade de interface de sites.

02. Facilitar a aplicação de golpes

O ChatGPT pode servir como ferramenta para criar mensagens de e-mail de phishing (técnica de engenharia social usada para enganar usuários de internet usando fraude eletrônica para obter informações confidenciais) sem erros de digitação, sofisticando a aplicação de golpes. 

Isso porque falhas na grafia das palavras e na sintaxe são comuns nesse tipo de fraude e servem como pistas para identificar o golpe, que consiste em criar mensagens falsas em nome de empresas ou serviços famosos com o objetivo de capturar dados bancários e pessoais das vítimas.

03. Envio de informações erradas

Um dos diferenciais do ChatGPT é a alta capacidade de interagir com os usuários e reproduzir, de forma muito similar, a escrita e o estilo de linguagem humanos. Porém, isso faz com que o robô pareça estar certo mesmo quando está errado. Outros chatbots, quando se deparam com uma pergunta cuja resposta não conhecem, informam ao usuário sobre o desconhecimento do assunto. Ao contrário do ChatGPT, que é capaz de formular respostas com lógica e aparente coerência, o que pode enganar as pessoas e contribuir ainda mais com a disseminação de desinformação.

Um exemplo é esse abaixo, onde perguntaram quando o Brasil ganhou um Oscar:

04. Conflitos em espaços educacionais

Um outro local onde este tipo de ferramenta está causando discussões acaloradas é nas escolas e nas universidades. Por enquanto, ainda é possível bloquear esse tipo de acesso (algumas universidades de prestígio nos EUA estão abraçando essa solução) ou aplicar provas presencialmente sem acesso a nenhum tipo de consulta. Todavia, com o passar do tempo e o aprimoramento dessas ferramentas, os líderes do segmento educacional terão de pensar maneiras de regulamentar a adoção dessas ferramentas no dia a dia. Inclusive deixarei um link para quem lê em inglês sobre os desafios dos departamentos de Direito nos Estados Unidos sobre o ChatGPT. 

Meu pitaco:

Apesar de parecer à primeira vista uma discussão sobre tecnologia, essa é mais uma discussão sobre o imbricamento entre cultura, propriedade intelectual, ética, modelos de trabalho e novos tipos de aprendizagem. 

Eu não me recordo se já comentei aqui, mas mesmo que seja repetitivo, trago novamente a referência de um autor francês que está acompanhando há anos a relação entre telas, mídia e o processo de aprendizagem das crianças francesas. O livro dele que mais rendeu burburinho foi o “Fábrica de Cretinos Digitais”, em que ele defende porque essa relação está criando gerações com QI mais baixo que seus genitores. Esse livro já foi traduzido para a Língua Portuguesa e vale demais a leitura. Vou deixar o link dele abaixo. 

Não se trata de discutir se um bot x ou y será implementado, porém quais as consequências para a formação intelectual de profissionais esse tipo de adoção irá gerar. Não é sobre ano que vem, mas sobre as gerações que estão vindo e que terão de lidar com o gerenciamento de banco de dados desde o início da vida e ainda assim aprender a ter raciocínio crítico sobre esse banco. Para nós já formados analogicamente, essas serão apenas ferramentas que acrescentaremos no dia a dia para facilitar algumas rotinas que podem tomar mais tempo do que deveriam.

Dicas imperdíveis que você pode perder!

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