Nesta edição da CamiNews, quero explorar um assunto que venho percebendo com certa recorrência em relatórios de tendência internacionais: o aumento da presença de marcas de moda e beleza de luxo nos segmentos de casa (homewear) e hospitalidade (hospitality). Do ponto de vista das marcas, o principal motivo dessa mudança é aumentar o faturamento por meio da diversificação de portfólio de produtos. Para o consumidor de luxo, será cada vez mais possível vivenciar este universo para além da vestimenta.
E como isso acontece na prática? Imagina um cliente que já compra itens de luxo entrando em um café da marca favorita dele e vendo louças, talheres, mesas e guardanapos? A chance de essa pessoa querer expandir a compra para este universo é grande, não é? É desta maneira que essa tendência está se desenhando. A partir de uma experiência imersiva gera-se gatilho de compra para os novos produtos. Consequentemente, essas marcas têm espaço para novos itens desejo, para novos virais e maior lucro no futuro.
Agora, vamos aos exemplos do que vem se desenrolando neste cenário.
01. Prada Caffé
Aberto em abril deste ano dentro da loja britânica Harrods ficará em funcionamento até janeiro de 2024. O objetivo é oferecer uma experiência no universo da Prada por meio da hospitalidade e da alimentação. Segundo reportagem da Casa Vogue Brasil:
“O ambiente traz os conceitos visuais da Prada em cada detalhe, desde a decoração até o cardápio. No interior da cafeteria, as paredes, tetos, sofás e poltronas em veludo são coloridos com o verde icônico da marca. Para completar, os pisos reproduzem o padrão xadrez preto e branco da histórica boutique Prada localizada na Galleria Vittorio Emanuele II, em Milão, enquanto os baixos-relevos florais nas paredes evocam algumas das lojas da marca ao redor do mundo.”
Veja uma foto de como a comida é servida:
02. The Kitsuné
Lançada primeiramente como um selo musical por Gildas Loaec e Masaya Kuroki em 2002, a marca já refletia a capacidade criativa dos fundadores de acordo com as heranças francesa e japonesa. Apesar de não ser uma marca difundida no Brasil, ela é considerada relevante no cenário de nicho, ou seja, para pessoas que buscam itens de luxo que não sejam mainstream.
Atualmente, ela é uma família de marcas que está em quatro mercados distintos: moda (Maison Kitsuné); café boutique (Café Kitsuné); música (Kitsuné Musique) e galeria de arte (Galerie Kitsuné). E porque resolvi trazer este exemplo? Porque desde 2018 já existe uma preocupação de que o grupo seja uma marca reconhecida internacionalmente de hospitalidade. E desde então, eles vem trabalhando para que o Café Kitsuné esteja em endereços renomados e ao lado ora de uma Maison Kitsuné, ora de uma Galerie Kitsuné. Eles também já lançaram coleção de roupas, de itens para casa – tudo em parceria com empresas que tenham a ver com o estilo de vida que eles desejam passar.
Como uma boa cafeteria com um excelente time de Marketing e Branding, eles desenvolvem e vendem produtos nas próprias lojas como mostra a foto abaixo.
03. Belmond Copacabana Palace
Em 2018, o conglomerado de luxo francês LVMH fincou mais uma vez seus pés no mercado de hospitalidade e hotelaria comprando o famoso Copacabana Palace da rede britânica Belmond por 3.2 bilhões de dólares. Desde então, o hotel vem passando por reformas tanto na fachada quanto possíveis obras em seu interior para refletir o apelo global do grupo no mercado do super-luxo.
No dicas imperdíveis que você pode perder, deixarei uma reportagem mais detalhada sobre o decorrer desse projeto.
04. Gucci
Em 2013, a fábrica de porcelana mais antiga da Itália e a segunda da Europa, a Richard-Ginori, ganhou nova vida! Após décadas de má administração e uma declaração de falência, o Grupo Gucci apareceu para dar novo sopro de vida para esta marca que desde sempre foi sinônimo de tradição, qualidade artesanal e luxo.
Com essa compra, a Richard-Ginori conseguiu retomar o seu prestígio de outros tempos e fazer valer a sua tradição secular na produção de porcelanas. Em Florença foi aberta uma grande loja que apresenta uma variada coleção de serviços de mesa e objetos de decoração. Os elementos decorativos passam pelos motivos geométricos aos florais, orientais e de paisagem.Além das porcelanas, no site internacional da Gucci é possível comprar itens de decoração como: talheres, acessórios para a casa, papel de parede, mobília e tecidos.
E para quem quiser ter apenas a experiência Gucci sem ter que desembolsar alguns bons cifrões por um par de xícaras é possível visitar o restaurante de sotaque italiano da marca: Gucci Osteria. Ele está em quatro cidades: Florença, Beverly Hills, Tóquio e Seul.
No Instagram o arroba também é: gucciosteria. E se você for, me conta depois, tá? As fotos me dizem que, pelo menos, Instagramável ele é!!
05. Louis Vuitton
A LV acabou de abrir o nono projeto culinário desde 2020 que é um lounge no aeroporto de Doha. O conceito do projeto inclui um menu desenvolvido por Yannik Alléno, um chef três estrelas Michelin com pratos que destacam ingredientes locais. Além disso, a marca francesa está estudando transformar a sua sede principal em Paris em um hotel.
Meu pitaco:
Eu amei esse tema e você percebeu, né?! Poderia criar aqui um documento muito maior com tudo o que já está bastante encaminhado nesse tema, mas duas coisas são importantes de pontuar. A primeira delas é que apesar de eu ter escrito esta CamiNews com exemplos de luxo, é possível perceber esse mesmo movimento em marcas locais. Ou seja, a tendência é que cada vez mais as marcas vão expandindo seu mercado de atuação em torno da criação de um mundo delas. Não importa muito em que segmento elas comecem. Sabe um exemplo? A Zee.Dog. A empresa começou exclusivamente com acessórios de cães e gatos e estão vendendo roupas de humanos há uns bons 4 anos. Pense que o objetivo final é criar um universo Zee.Dog que esteja dentro e fora de casa.
O segundo ponto importante para destacar é que esse universo de hospitalidade, design e afins não é algo novo. O que se pode chamar de novo é a relevância que as pessoas estão dando para suas casas, espaços de trabalho e de convivência. A pandemia fez surgir uma maior preocupação com o espaço em que habitamos, especialmente em como transformá-lo em um local prazeroso e gostoso de estar.
Ok, já escrevi demais. Até mês que vem! <3
Dicas imperdíveis que você pode perder!