Os reports de tendências para 2024 seguem com toda força e para começar esse ano eu quero falar sobre uma em particular que, não só eu, mas acho que todo mundo, tem percebido nos últimos anos. A alteração do poder de compra da classe trabalhadora e como isso tem impactado os hábitos de compra da população.
O cenário global com alta inflação e/ou desaceleração do PIB das principais potências introduziu uma nova realidade financeira, porém os consumidores não parecem querer economizar a qualquer custo. Em vez disso, eles buscam os melhores negócios. E isso vai além do preço já que o objetivo é encontrar maneiras inteligentes de maximizar seus orçamentos sem sacrificar a qualidade.
Por isso, as empresas precisam aumentar os incentivos, inovar em torno das recompensas e atender às necessidades conscientes dos custos.
Contextualizando…
Os aumentos dos preços deixaram os consumidores com dificuldades para cobrir suas despesas em 2023. Quase 3 em cada 4 consumidores (Euromonitor Internacional, 2023) expressaram preocupação com o aumento do custo dos itens do dia a dia. As pessoas foram forçadas a fazer cortes acentuados e trocar por opções mais baratas. Passaram a controlar o orçamento mais detalhadamente por necessidade de acompanhar o custo de vida.
No geral, temos acompanhado em nosso cotidiano os efeitos da inflação impactando nosso poder de compra. Assim, economizar dinheiro continua sendo uma prioridade para quem é assalariado Todavia, os compradores procurarão novas maneiras de esticar suas carteiras.
Percebe-se que o consumidor tem se adaptado para reduzir os gastos sem comprometer o desejo final. Eles procuram ativamente por réplicas ou imitações, pagam com cartão de crédito ou pontos de recompensa, mudam para marcas próprias premium e participam de atividades gratuitas. Tudo isso para conseguir aliar bom preço com a estética final desejada. Novos novos truques financeiros ou de estilo de vida estão sendo adotados para aproveitar ao máximo a renda disponível.
Alguns dados apresentados pela Euromonitor Internacional apontam para essa realidade financeira em 2023:
- 74% dos consumidores se preocuparam com o aumento diário dos preços
- 44% dos consumidores planejaram guardar mais dinheiro
Além disso, as formas que os consumidores encontraram para economizar foram:
- Comer mais em casa ao invés de comer fora, em restaurantes;
- Cortar gastos não necessários;
- Diminuir o uso de energia elétrica em casa;
- Comprar menores quantidades de produtos;
- Reparar aparelhos quebrados ao invés de comprar novos.
Com essa nova realidade, como as marcas e empresas podem atuar?
Soluções econômicas e de valor agregado ajudarão as empresas a atender essas necessidades dos consumidores, como por exemplo:
- Explorar promoções pontuais fora das remarcações tradicionais;
- Oferecer ofertas de pacote/combo permitindo que os clientes comprem vários produtos com desconto;
- Oferecer planos de assinatura para que o preço final dos itens caia mediante fidelidade;
- Criar linhas próprias que ofereçam preços competitivos;
- Criar programas de fidelidade cujas recompensas sejam valorizadas pelo cliente;
- Oferecer um programa de cashback robusto;
- Oferecer desconto na próxima compra como brinde ou mediante postagem e marcação da compra nas mídias sociais;
- Oferecer descontos mediante indicação de novos clientes.
Importante lembrar que o preço, embora seja um critério fundamental para qualquer decisão de compra, ele é apenas um componente. Ainda existem outros fatores a serem levados em consideração.
Os programas de fidelidade, por exemplo, podem permitir que os consumidores ganhem pontos para colocar em compras futuras. Serviços completos e gratuitos, como limpezas, reparos ou garantias, também servem como um benefício adicional. Encontrar e oferecer vantagens extras que importam para o público é a chave. Aqui, o que está em xeque é o valor agregado a longo prazo. Muitos clientes preferem pagar mais caro no ato da compra se eles sentirem que futuramente estarão economizando. E essa lógica não é trivial.
A comunicação nesses casos também demonstra-se fundamental. Se os compradores não entenderem a proposta de valor da marca, eles mudarão para um concorrente ou encontrarão alternativas como um substituto.
Abaixo quero compartilhar alguns cases que já estão rolando no mercado:
01. Lululemon
Não sei se você sabe, mas no TikTok existe uma prática em que quando uma pessoa acha um item idêntico a um de marca de luxo/premium, ela cria uma hashtag com a palavra “dupe” + o item em questão. Dessa maneira, todo mundo pode ter um produto para chamar de seu sem gastar rios de dinheiro.
Eis que isso aconteceu com a gigante de moda esportiva Lululemon. Ela é conhecida por ter as melhores roupas de ginástica nos EUA e Canadá, porém com preços não convidativos. Assim, a hashtag #Lululemondupe atingiu 180 milhões de visualizações no TikTok ano passado quando acharam um “dupe” da legging deles que mais vende.
Sabe o que a Lululemon fez? Instalou uma pop up store (loja temporária) em Los Angeles por dois fins de semana e presenteou com uma legging original cada cliente que chegasse lá com a sua calça parecidinha. Não é genial?
02. Turkish e Copa Airlines
A Turkish Airlines oferece aos passageiros que estão se conectando através de Istambul – com escalas superiores a 20 horas – acomodações noturnas gratuitas, para que os viajantes possam explorar a cidade.
A Copa Airlines permite que o consumidor faça uma parada no Panamá sem nenhum custo adicional na passagem aérea. É possível ficar de 24 horas a 7 dias, escolher a parada na viagem de ida ou volta, sem desembolsar nenhum centavo.
03. Yindii
A Yindii é uma startup com a missão de combater o desperdício de alimentos com operações na Tailândia e em Hong Kong. O aplicativo conecta os compradores com empresas locais, como restaurantes, para comprar comida premium e excedente com desconto.
É possível notar que independente do poder aquisitivo, os consumidores de forma geral têm se preocupado com o preço dos produtos e serviços, seja no momento de comprar algo no mercado ou de comprar uma passagem aérea. A preocupação tem sido sempre em buscar o que traga mais benefícios.
Meu pitaco:
Amo esse tema e estou sempre pesquisando maneiras de fazer minhas compras terem algum benefício adicional além do item e/ou serviço em si. Pessoalmente, gosto muito de cashback porque me passa uma sensação mais palpável do que o sistema de pontos. Todavia, o mais importante acaba sendo se o meu benefício por ser fiel está valendo à pena ou se é mais do mesmo.
Para mim, um péssimo exemplo são os panetones de Natal que os shoppings centers dão. O cliente gasta R$ 500,00/R$ 700,00 reais no shopping para ganhar um panetone que custa R$ 30,00? É de doer! Eu sempre pensei que era preferível dar um cashback para o cliente em dinheiro para ele gastar onde quisesse. Pelo menos, ele tem a liberdade de escolha.
Enfim, no Brasil os programas de fidelidade ainda são fracos e os clientes realmente fiéis às marcas ainda ganham muito pouco em comparação ao que eles deixam de dinheiro na loja. Mas, a tendência é que isso mude já que as pessoas estão gastando menos por impulso e em itens supérfluos.
Dicas imperdíveis que você pode perder!